quarta-feira, 19 de março de 2014

Os pequenos vagabundos e os velhos moribundos

A pequenada gostou sempre de aventuras com clubes, códigos, mistérios, etc... nesse sentido eram imprescindíveis os livros dos Cinco, dos Sete, e nas suas versões portuguesas mais recentes apareceram o Clube das Chaves, etc. Depois, num estilo que mistura a magia trivial com a típica snobeira inglesa dos colégios, fez grande sucesso o Harry Potter.
Porém, uma das séries de aventuras, que deixou marcas numa geração foram

Era algo natural surgirem espontaneamente estes clubes de jovens, prontos a definirem os seus códigos, as suas regras, e prontos a aventuras para além do conhecimento dos pais... 
Havia também outro tipo de clubes, de alguma forma institucionalizados, hierarquizados, destacando-se os Escuteiros, criados pelo barão Baden Powell
A flor-de-lis - símbolo dos escuteiros

A adopção da flor-de-lis por Baden Powell tem razões conhecidas, mas não deixa de ser algo estranho um inglês ir adoptar o velho símbolo da monarquia francesa, remontando ao tempo dos Capetos
A própria simbologia da flor-de-lis acabou por ser extensamente usada pela Ordem de Avis, e incorporada na bandeira nacional ao tempo de D. João I, mestre de Avis.

Se o símbolo foi uso dos Capetos, ou dos capetas, o que é sabido é que este tipo de códigos são um prolongamento das brincadeiras juvenis para a idade adulta. Com um problema, estes clubes passam a ter um âmbito mais global, e não são tão inofensivos e inocentes nas suas acções. As driaburas de um clube infantil não causam o mesmo tipo de consequências que as infantilidades de clubes de adultos.

Entre esses clubes de adultos, e esquecendo os derivados, como o Lions ou o Rotary, ou as simples fraternidades universitárias americanas, o clube que se impôs mais a nível mundial, e que mantém segredos, códigos, cumprimentos e sinais secretos, bem como outras tantas coisas típicas de clubes de garotos, é sem dúvida a Maçonaria.

A Maçonaria tem mais ou menos uma face visível, mas o negócio está no segredo.
De entre o que é conhecido, podemos ver uma folclórica hierarquia cheia de vestes carnavalescas e muitas medalhas, símbolos, e nomes pomposos.

Como somos afectados pelo samba deste desfile carnavalesco, interessará conhecer alguns nomes.
Podemos vê-los na figura acima, onde se divide o rito escocês do rito de York, havendo equivalências entre as ambas.

O olho do G (GAU ou GADU)  está a ver, e vê então a seguinte hierarquia:

33. Sovereign Grand Inspector General (Order of Knights Templar)
32. Sublime Prince of the Royal Secret
31. Grand Inspector Inquisitor Commander
30. Grand Elect Knight K+H 
29. Knight of St. Andrew (Order of Knights of Malta)
28. Knight of the Sun
27. Commander of the Temple
26. Prince of Mercy
25. Knight of the Brazen Serpent (Order of the Red Cross)
24. Prince of the Tabernacle (... super excellent master)
23. Chief of the Tabernacle (... select master)
22. Prince of Libanus (... royal master)
21. Patriarch Noachite
20. Master Ad Vitam
19. Grand Pontiff
18. Knight of the Rose Croix
17. Knight of the East and the West
16. Prince of Jerusalem
......... [Shrine], [W.S.of Jerusalem] [AAONMS]
15. Knight of the East or Sword
......... [Daughters of the Nile] [Amaranth]
14. Grand Elect Mason
13. Master of the Ninth Arch
12. Grand Master Architect
11. Sublime Master Elected
10. Elect of Fifteen (Paxt Master)
09. Master Elect of Nine
08. Intendent of the Building
07. Provent and Judge
......... [Tall Ceddars of Lebanon] [Order of the Eastern Star]
......... [Grotto (MOVPER)] [Job's Daughters] [Rainbow Girls] [Order de Molay]
06. Intimate Secretary
05. Perfect Master (Mark Master)
04. Secret Master
03. Master Mason
02. Fellowcraft
01. Entered Apprentice

Os links remetem para a obra Morals and Dogma (1871) de Albert Pike
As designações podem variar um pouco, mas não muito, porque há normalmente um conservadorismo em quem se dedica a continuar o legado passado.
Portanto, a situação passa dos pequenos vagabundos em volta de um castelo sem nome, para velhos moribundos cujo recreio para brincadeiras é basicamente toda a sociedade humana.

Coloco agora os links sobre as organizações ali listadas e que dependem da maçonaria explicitamente:
Depois, é claro há toda uma panóplia de organizações derivadas, ou associadas, e é praticamente claro que toda a organização criada, seja de que âmbito for, de pacifistas a clubes de futebol, acaba por ter membros ligados à organização das organizações. Se não tem no início, assim que ganha dimensão e importância passará a ter... pelo simples facto de ter membros, e esses membros reservarem mais uma obediência do que outra.

Bom, mas este post não era sobre a maçãos, nem maçãs, nem sobre a dualidade entre ter massa e levar com a maça. Há organizações que podem fazer sentido, ainda que os métodos, o folclore, e as suas acções possam ser muito discutíveis. 

Basicamente, foi um pequeno pretexto para relembrar os Pequenos Vagabundos, e também para terminar com uma alusão, não aos Altos Cedros do Líbano, mas sim aos Human League... simplesmente porque há frequências que me tocam mais que outras:
Human League - Lebanon

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