sábado, 3 de maio de 2014

Arvorio

Apesar das coisas nos aparecerem de forma muito diversa, há relações que se podem estabelecer quando a análise é suficientemente abstracta, identificando estruturas comuns.
Perfis de uma árvore, e da bacia hidrográfica de um rio.

É claro que apesar das semelhanças que procurámos tornar evidentes na figura de cima, poderá haver quem veja apenas um rio e uma árvore. Portanto, há um certo tipo de relações que podem ser estabelecidas e que não colhem qualquer sensibilidade, quando as mentes se colam ao objecto, e não se afastam o suficiente, para uma visão não literal.

No entanto, imagino que para as semelhanças na figura de cima, haja alguma sensibilidade e se consiga ver uma relação entre uma coisa e outra, num sentido dual. Se a árvore bifurca em ramos partindo do tronco comum, um rio colhe água dos afluentes formando depois um curso comum. A árvore tem ainda a particularidade de evidenciar nas suas raízes a mesma faceta aglomeradora de nutrientes transportados ao tronco. Se o curso do rio vai para o "mar", o curso da árvore vai para o "ar".

Porém, o caso muda de figura, quando passamos para outros aspectos relacionais menos vulgares.
A palavra "árvore" pode ser vista numa composição "ar+vore", e sem ir à etimologia latina do "arboris", vamos simplesmente notar que "de-vorar" está ligado à palavra voraz, ligando-se à alimentação.
Portanto, numa arbitrária ligação podemos entender "arvorar" como um alimentar-se de ar.
O significado popular de "arvorar", ligado a um inchar balofo, liga perfeitamente a esta noção... e assim uma árvore voraz por ar, pode ter feito parte de um entendimento primevo (por desconhecimento doutra forma de alimentação, ou enfatizando esta).

Note-se que há uma distinção entre "árvore" e "planta", onde a última remete a "plantação"... e inicialmente uma árvore não seria vista como "plantável".
Ora "plantar" tem um outro significado, ligado a uma posição fixa, como "estar em plantão".
Acresce que o planeamento da plantação pode ter gerado a própria noção de "planta", enquanto representação geométrica da posição das sementes. Acresce ainda que a orientação seria feita através de um marco visível... ou seja, a orientação da "planta" poderia ser "pela anta", "pel'anta".
Argumentação especulativa? Sim. Circunstancial? Não.
Se fosse este apenas um caso, poderia ser entendido como acidental... mas não é. A própria palavra "plano" pode remeter a "pelo ano", "pel'ano", denotando um agendamento agrícola.
Também não é circunstancial pelos inúmeros exemplos que tenho aqui apresentado, e se não coloco mais é porque se tornaria maçador e intrincado.
Quem quiser também pode não entender que "enterra" é meter "em terra", e esta é mais óbvia, mas também pode haver quem ache que não. Nuns casos, a ligação é evidente, noutros nem tanto.
A informação está aí para ser vista, quem quer ver vê...
Pode-se fechar os olhos, mas não desaparece.

Pois... note-se então o piscar de olho.
Talk, talk - it's my life.

4 comentários:

  1. E com três letrinhas apenas se escreve a palavra "Mãe"... M(W)A(V)E(3)
    Porque é de LEI (hermética) que o que está em cima é igual ao que está em baixo...

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    1. Pois, mas para ver o mesmo tem que mudar de posição... senão torna igual o que é diferente.
      Para invertermos MAE por reflexão vertical, pode dar WVE, e por reflexão horizontal, dá 3AM. E no primeiro caso, perdeu o traço (do A), e em ambos os casos perde acento.
      Mas, verdade seja dita, hermeticamente ou não... acho que não consigo inverter a mãe.

      Depois, o problema do hermetismo é que não há mesmo lei nenhuma, senão não seria hermetismo.
      O hermetismo vive da ambiguidade, e tem muitos aprendizes de feiticeiros, por exemplo, na maçonaria, e noutras religiões. Serve códigos comunitários, mas o mais importante é o código pessoal.
      Se a descodificação ganhar sentido para o próprio, é ele que decide a importância que lhe dá. Eu gosto disso, mas não lhe dou demasiada importância. Aqui partilho alguns dos significados que encontro. Podem fazer sentido para mim e não para os outros, mas nalguns casos, que partilho, acho que podem fazer sentido para todos.

      Por exemplo, LEI.
      O que consigo ler em lei?
      Se o verbo ler fosse regular como ficava?
      Pegando no imperativo de comer:
      - Comei!
      É uma ordem para comer.
      Como ficaria essa ordem para ler, se o verbo ler fosse regular?
      - Lei!
      A irregularidade do verbo passou isso para "lede".
      http://en.wikipedia.org/wiki/Leda_(mythology)

      Agora, o que isto significa?...
      Isoladamente não significa nada, são coincidências. O problema é o acumular de coincidências... se a pedra cai a cada vez que a largamos, passa a haver uma lei dos graves.
      De qualquer forma, não retiro dali nada de especial, permite apenas ver de forma diferente o que víamos sempre de forma igual.

      Abraços.

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  2. Apenas quis brincar com as palavras...
    Mas olhe.. sabe que mais.... isto é tudo uma grandíssima Cabala!! É o que é.... ;-)

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Leis_herm%C3%A9ticas

    "As sete principais leis herméticas se baseiam nos princípios incluídos no livro Caibalion que reúne os ensinamentos básicos da Lei que rege todas as coisas manifestadas. A palavra Caibalion, na língua hebraica significa tradição ou preceito manifestado por um ente de cima. Esta palavra tem a mesma raiz da palavra Kabbalah, que em hebraico, significa recepção."

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    1. Não sou apreciador de peixe, e muito menos de Cavala.
      De carne, também não ouso comer carne de Cavalo.
      Que abala, Q'abala, já abalou muito e ainda abala, sem abalar de vez.
      Está a ver o problema?
      Significava "recepção" e agora querem passar a "receção" para justificar a "recessão"...
      O que faz o recepcionista?
      Recebe... mas não é dinheiro, recebe as pessoas.

      É o problema da leitura dos escritos antigos por judeus, fixam-se no juro (dinheiro) e não no juro (promessa), e que o hermetismo que não caiba no Caibalion, parece óbvio.

      Brincar com as palavras é uma maravilha...

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