domingo, 4 de outubro de 2015

Pelo meu relógio são oras de votar

Este apontamento segue na continuação de
e começava então com a escolha de pílulas do filme Matrix... aplicável à eleição grega do Syriza,
que deu no que deu, sem mais ou menos espanto, do que o espanto do não espantar.

Agora vou começar antes do começo, de forma algo diferente.
"Pelo meu relógio são horas de matar" foi um álbum lançado há praticamente ano e meio (Maio de 2014), por uma das bandas que mais estimo no panorama musical português - os Mão Morta:
"Pelo meu relógio são horas de matar" 
é a história de um individuo de classe média que vive solitário...

Adolfo Luxúria Canibal é o carismático líder da banda minhota. Criou esse nome engraçado, e sempre ficou no ponto ambíguo em que pessoa e personagem se misturam.

O tema revolucionário está "fora de moda", como mostrou a necessidade de Garcia Pereira recuar na frase "Morte aos Traidores", tão emblemática de um "partido revolucionário" como o MRPP, como foi emblemática no dia 1 de Dezembro de 1640 - feriado de Restauração de Independência, tão simbolicamente extinto.
Curiosamente, é também conhecido da má-língua alfacinha, que este aspecto revolucionário de Garcia Pereira colide com a imagem de gestor de luxuoso gabinete de advogados e proprietário de grande iate. Mas isso são eventuais contradições que cada qual gere, sendo certo que, para ser solidário com a fome em África, parecerá tão contraproducente passar fome, quanto encomendar doses duplas.

De certa forma, foi no tema "Morte aos Traidores" que a banda nacional decidiu agitar consciências, indo ao ponto de colocar em vídeo simulações de assassinato de três classes de "traidores", tendo escolhido imagens de um financeiro, de uma política, e de um religioso.

Talvez para se precaver de eventuais processos judiciais, e outras ferocidades que a sociedade rapidamente dispara em resposta, a mensagem foi encapsulada como "obra de arte".
Mais que isso, prevendo uma reacção condenatória veemente, a banda decidiu introduzir o tema com declarações de Marcelo Caetano:

- Quando neste país se faz algo de mais audacioso, já se sabe que se levanta logo a poeirada dos interesses lesados, os despeitos amuados, os comodismos sacudidos, tudo a tender logo para a crítica derrotista, para a maledicência gratuita, e até às vezes para as suspeições torpes! 
- Que se há-de fazer? Desistir? Parar? Cruzar os braços?
- Claro que não!

Seria natural e legítimo que os Mão Morta pensassem que o vídeo teria impacto pelas "redes sociais", e levantasse algum brado, sendo audacioso e dirigido contra interesses e comodismos de uma sociedade anestesiada por fedores putrefactos.
Seria natural que pensassem - "depois do vídeo, as coisas não podiam continuar como se nada fosse".
Mas as coisas podiam continuar como estavam, porque não estavam a lidar com meninos mimados, estavam a lidar com putas sabidas (puta remete aqui para a ligação mitológica Puta-Putti).

O menino mimado irrita-se com a crítica que lhe é dirigida, enquanto uma puta reconhece-se como tal, e eleva a questão a um patamar acima. Querem os clientes abdicar da puta e da progénie dos putti?

Artisticamente os Mão Morta foram desflorados como virgens vestais.
Foi-lhes dado espaço e destaque nos jornais, e até na televisão, naquele dia de lançamento.
Ou seja, as putas de sacerdócio convidaram as virgens a ofendê-las no seu próprio templo.
Se o vídeo do irmão que morde o dedo do outro teve 700 milhões de visualizações, qual seria o impacto do vídeo dos Mão Morta? Creio que não chega às 70 mil visualizações, que são números mais próprios de espaços obscuros como este, e não são números de quem teve todo o foco da comunicação social.

O que se passa então?
Sim, as virgens podem ofender as putas, mas se não planearem nada mais, o evento é como se não existisse no dia seguinte. Não é novidade que as putas são putas. O espanto de se verem virgens atacar putas é encenação... especialmente se a virgem assume a obra de arte, para evitar processo legal.

Há a ideia de que basta aparecer algo na praça pública, na TV, nas "redes sociais", para que as pessoas reajam... para que se gere uma onda de indignação, para que as coisas mudem, etc.
- Errado, completamente errado!

As pessoas reagem conforme o contexto do "dia seguinte".
Se virem que o dia seguinte é igual ao dia anterior, não reagem... é só "fumaça".
Se virem que no dia seguinte o poder pode mudar, e ser diferente do dia anterior, então aí pode esboçar-se uma reacção perigosa.

Há muito que o poder aprendeu a usar a indignação a seu favor.
Como?
Quando uma indignação é exposta toda nua e crua, como aconteceu no vídeo dos Mão Morta, e nada se passa no dia seguinte, o que acresce é uma tomada de consciência que o poder das putas é grande e que por muito que as virgens o queiram expor, o templo dos putti continua sólido.
A tentativa falhada reforça o poder instalado.

Fraude eleitoral na eleição de Cavaco Silva em 2011
Não foi notícia, porque não foi conveniente ser, mas a maioria de Cavaco Silva, obtida em 2011, foi contabilizada com um pequeno detalhe fraudulento:
  • desaparecimento de 120 mil eleitores e 60 mil votos, no distrito de Setúbal
  • 40 mil eleitores e 20 mil votos a mais, no distrito de Viseu
Apesar de não ter sido notícia, ter sido abafado nos meios de comunicação, com toda a cumplicidade do regime de fantochada democrática conduzido pelos nossos jornalistas assalariados do poder, a informação até está pública na Acta Nº33/XIII (aliás, números muito cabalísticos):

A Comissão Nacional de Eleições tinha 6 membros a deliberar:
  • Dois votaram contra a aprovação do acto eleitoral (Dr. João Almeida, Eng. José Victor Cavaco)
  • Dois abstiveram-se (Dr. Jorge Miguéis e Drª Carla Freire)
  • Dois votaram a favor (Dr. Manuel Machado, e o presidente, o Juiz Fernando Costa Soares)
Apesar deste resultado, apenas com 2 votos favoráveis em 6, as eleições foram aprovadas, usado o voto de qualidade do juiz presidente... porque "podia prejudicar a data de tomada de posse do candidato eleito".
Este argumento é especialmente notável, porque o juiz assume que o Cavaco estava eleito, quando ele só estaria eleito depois da comissão validar as contas das eleições!

Um extracto da Acta nº33/XIII e início da declaração de voto do juiz presidente.

Outro extracto da Acta nº33/XIII - declaração de voto contra do Dr. João Almeida.

Outro extracto da Acta nº33/XIII - declaração de voto contra do Dr. José Victor Cavaco.

Isto é apenas um dos inúmeros casos de erros contabilísticos eleitorais.
Os valores apresentados são aqueles, como poderiam ser outros quaisquer... se atendermos a que se ignoraram 120 mil eleitores e 60 mil votos num distrito, enquanto noutro distrito (apelidado "Cavaquistão") apareceram 40 mil eleitores e 20 mil votos a mais.

Quando se ignoram com esta displicência milhares de votos, como deverá cada eleitor ver cuidado o seu voto singular?
Esta questão esteve no cuidado de dois elementos da comissão, mas imperou a pressa de dar poder ao poder, retirando o poder ao voto individual, desprezado e menorizado face à conta global, e como se essa conta global pudesse ser achada ou considerada, sem a correcção completa do voto individual.

O argumento no sentido de aprovar logo os resultados foi o argumento de que não influenciaria a maioria de Cavaco à primeira volta. Porém, isso é só parcialmente sugerido, já que dos 53% de votos então contados, retirando eleitores e votos em causa, essa maioria poderia passar a apenas 50,1% - ou seja, um número no limite da maioria. Curioso, muito curioso... especialmente porque nenhuma razão foi ali adiantada para o problema se ter verificado apenas em Setúbal e Viseu, e pior, se ter verificado em sentido convenientemente oposto - "votos que desaparecem em Setúbal" versus "votos que aparecem em Viseu". Nenhuma explicação é dada para tão singular fenómeno eleitoral, ocorrido apenas em dois distritos.

Curiosamente, desde a entrada na CEE, na União Europeia, que é bem conhecido que as listas de eleitores estão erradas, com nomes repetidos e nomes de mortos.
Nunca houve nenhum interesse em mudar esta situação, e os partidos que nos aparecem, de uma ponta à outra, desde o PCP ao CDS, são coniventes e pactuam com a falta de respeito pelo acto eleitoral.

O cidadão pode ir votar, para estar em paz com a sua consciência, votando no que julgar melhor.
O resultado que daí sai pode influenciá-lo, mas como não é o cidadão que controla o seu voto, dada a displicência ou fraude, fica em débito na consciência de quem achar por bem sustentar e manter um regime de falsidade instituída. 
Num equilíbrio matemático, que é bom não negligenciar, as contas que desaparecem num lado, irão aparecer noutro. Mais tarde ou mais cedo. E cada vez é mais cedo do que mais tarde... ainda que a cegueira possa ditar o contrário a quem não quer ver.

Pessoalmente, o personagem Cavaco Silva, enquanto informador da PIDE registado em 1967
... é um cidadão como outro qualquer, até porque ninguém é julgado criminoso por ter pertencido à PIDE, ou por ter sido sócio dos Bombeiros. Aliás, assim compreende-se perfeitamente que tenha dado condecorações a membros colegas da PIDE, ao mesmo tempo que rejeitava uma subvenção ao Capitão Salgueiro Maia. Conviver com pulhices faz parte de certa natureza desumana.
Tudo isto é perfeitamente natural, e que o regime vá mudando de cara, mas mantenha os seus poderes de bastidores, manifestando uma ditadura branda na prática de democracia fantoche, acho que é uma evolução, e será mais agradável a ilusão, aos olhos da maioria.

Caso Camarate
Convém não esquecer que Portugal não está isolado, e desde 1980, quando caiu  "misteriosamente" o avião com Sá Carneiro e Amaro da Costa, ficou bastante claro que poderia haver intervenções externas em Portugal ao mais alto nível, quando fosse caso disso.
Claro que contavam com "traidores" internos para o efeito.

A confissão assinada por Farinha Simões, envolve os serviços secretos americanos, e alguns personagens famosos, que vão desde Kissinger a Balsemão, poderia ter abalado o regime... mas não foi caso para tanto.

Neste país, o culto às putas mantém-se estável, e as virgens que cuidem do sua retaguarda.
Cumpriu-se calendário, abriu-se mais uma comissão de inquérito, e entretanto a coisa vai ficando arrumada.
Para cumprir calendário, e como nunca aqui tinha trazido estes assuntos, deixo este registo:

Para quem se lembra do personagem inventado por Herman José - o "Esteves", não estranhará a figura, que apesar de cúmplice assumido e ter apanhado com parte do bolo de 1 milhão de dólares, destinado à operação, foi sendo abafado por esta comunicação social que tanto nos instruiu.

Faço votos de bons votos.

Quem sabe, se sabe alguma coisa, sabe que as contas não se fazem sem um... e isso complica tudo, quando sem uma pequena coisa, tudo é nada.

[O texto foi reeditado no mesmo dia]

4 comentários:

  1. Re: "o personagem (...) enquanto informador da PIDE registado em 1967"

    Assisti ao cerco da António Maria Cardoso em 74, pelas 22 horas o comandante do movimento veio do jantar e saca um revolver (não usava Walther) mandar um berro "manda encostar à parede para revistar, ao movimento suspeito fogo a matar", e outras caças aos pides durante o PREC, depois toda gente parece ter esquecido esta policia politica ficou então por se saber que depois da revolução de Abril Portugal teve um informador da PIDE DGS como primeiro ministro e actualmente presidente da República, essa é boa! (o da Maia procure o dossier medical do homem e cai da cadeira).

    Conhecia um Manuel Alegre (desertor da academia militar) candidato a PR relembrado como locutor da rádio Alger a informar os turras sobre as posições das tropas portuguesas durante a guerra colonial.

    Conhecia a história doutro militar expulso por roubo, o "capitão batatas" reabilitado depois de 74 e agraciado com a ordem do Infante (quantos são, quantos são?).

    Um povo que permite isto é o que é, para aqui não vir ferir susceptibilidades, podia acrescentar de recomendar a translação ao Panteão dos restos mortais do Zé da Guiné por altos serviços prestados a Lisboa, um turra que muitos militares portugueses pode ter morto e vem para Lisboa em 74 abrir barres d'alterna, considerado pelas elites intelectuais como a pessoa que veio dar vida à cidade, faria boa companhia a outro grande português pantera negra que tinha como marisco o tremoço.

    Portugal acabou em Alcácer Quibir e é uma causa perdida, um local para nascer felizmente com o mundo onde ir morrer.

    Dentro de uma década o Magrebe estará pacificado, a gigantesca central fotovoltaica germânica funcionar na Algéria, o turismo que o bacoco tuga pensa ser dado adquirido como principal recurso, pois o pai da democracia lhe disse em 86 "o papel de Portugal na CEE será uma colónia de férias para reformados da Europa do Norte", acabará, Portugal deixará de ver turistas passar, mais uma era e todos se sentirão cidadãos da nova Roma.

    Cpts.
    José Manuel CH-GE

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    1. Caro José Manuel,

      tendo nascido nos anos 60, apanhei esse tempo de 74 enquanto criança com a cabeça feita para ir servir de carne de canhão para África, para defender o império.
      Essa foi a primeira vez que me senti enganado, e a outra foi quando percebi a fantochada de estórias que iam passando por história. Como herança do antigo regime restou-me um forte nacionalismo, mas também como herança dos tempos do 25 de Abril, restou-me um forte sentido humanista, e por isso não vejo o nacionalismo como nenhuma prevalência portuguesa, mas apenas como uma prevalência da diferença do passado que fez os povos, e fez a civilização com a sua riqueza na diferença de murais, e com igual riqueza se uniu na semelhança de valores morais.

      Dito isto, aprecio os povos nas suas diferenças, e se há coisa assustadora é a ideia bulldozer de querer uniformizar tudo num socialismo, tal como é assustadora a ideia de termos um revivalismo de nacionalismos de uns povos a quererem esmagar outros.
      Curiosamente, e por estúpido que pareça, e ninguém queira ver, estamos numa fase, em que temos um socialismo europeu - made in Berlim-Bruxelas-Paris, ao mesmo tempo que é um nacionalismo franco-germânico que já nem se procura esconder, e simplesmente esmaga povos pela prevalência e chantagem económica.

      Um sujeito que achou na sua vida que podia ser informador da PIDE, que podia construir a sua vida lixando a vida de outros, diz muito do tipo de personagem. Diz que foi e será um capataz a serviço de poderes acima de si. Que o antigo regime precisasse da PIDE, pois isso é um assunto que me interessa tanto quanto a Polícia de hoje precisar de informadores para lidar com traficantes. Simplesmente, não passa pela cabeça de ninguém, colocar um informador do narcotráfico como chefe de estado. Só passaria pela cabeça de outros narcotraficantes, certo?

      Quanto ao informador da rádio de Argel, é praticamente a mesma coisa. Serviu outros interesses, que não eram dos portugueses de então, mas tal como em qualquer guerra civil, ele estava do lado de forças externas para uma guerra interna.
      Também D. Pedro IV estava ao serviço da Maçonaria quando desembarcou no Porto, para colocar a sua filha D. Maria II e depor o seu irmão D. Miguel. Mas, o Portugal que D. Miguel representava também tinha uma factura histórica profunda. Nem D. Miguel, nem D. Pedro IV foram traidores, apesar das suas motivações e rivalidades, os pudessem colocar a ambos nessa categoria.
      A melhor maneira de impor um poder externo é atiçar uma guerra interna.
      Há sempre candidatos a protagonistas de ambos os lados, com prejuízos para todos, e sobretudo para o país.

      A descolonização serviu interesses económicos americanos, russos, franceses, ingleses, etc... e depois de terem os países destruídos pela guerra em décadas, foram de novo os portugueses chamados a África, para reconstruir o que esteve três décadas a ser destruído.
      E arrisca tudo a voltar a perder-se, porque dificilmente as pessoas aprendem, e facilmente caem nos mesmos erros, porque nem percebem que são os mesmos erros.

      O interesse de ter Portugal e Espanha na Europa, foi o de fechar grandes países num espaço pequeno. E para isso, serviu de tudo, e chegámos ao ponto onde toda uma geração de políticos foi feita no Bairro Alto de Lisboa, com gente passando de porteiros de discotecas a grandes políticos, ou com proxenetas a líderes de distritais.
      E tudo isso interessa a regimes podres, porque vivem da podridão das pessoas, já que é com essa podridão que as consegue manipular.
      Só que todos sabemos que essas coisas têm um custo, sobretudo quando começam a ser insustentáveis... porque há mais gente a receber do que a trabalhar para lhes pagar.

      Abraço.

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    2. É com lamento que o leio !
      Quando e como poderemos sair deste atoleiro !
      Receba um abraço.

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    3. Caro WW, pois é com prazer que o leio aqui.

      Pela minha parte, procuro agora sempre ver as coisas com a distância que os astrónomos viam. Ou seja, não tendo capacidade de influenciar as coisas no firmamento, limitavam-se a registar os seus movimentos e assim aprenderam a fazer essa ciência.

      Agora temos o episódio bobo-grande e presidência:
      Durante o episódio circense duma irrevogabilidade demissionária em 2013, houve vários episódios de palhaçada institucional.
      Normalmente não escrevo aqui sobre política, simplesmente porque não lhe dou mais importância do que a do discurso oco e corriqueiro. Nunca ninguém viu nenhum discurso nacional consistente apontado a décadas, no máximo viu discursozinhos de gestão corrente, doméstica, aplicado a anos sem fim...

      Cavaco repete agora a viagem à Madeira, mas desta vez não passou a noite com as cagarras das Selvagens.

      A interacção do presidente e do bobo-grande - um outro nome que é dado à cagarra - ficou então expressa numas fotos, onde o único animal sem cara de idiota, era a cagarra.

      Já nessa altura o nosso presidentezinho, reeleito na eleição fraudulenta de 2011, para além de brincar com cagarras, tinha expresso a ideia de que via com bons olhos a reedição de um governo de uma União Nacional, uma maioria única constituída pelo hoje chamado "arco da governação".

      Foi assim sem novidade que insistiu de novo nessa negociação entre PS e PàF, ignorando outras evidências, e assim tudo indica que irá permanecer, podendo abrir a maior crise institucional das últimas quatro décadas... tendo a última grande crise do regime terminado em 25 de Novembro de 1975 com a movimentação das tropas lideradas por Eanes.

      Porquê? Porque depois de Eanes, seria a primeira vez que um presidente não respeitaria os resultados eleitorais de uma eleição.
      É perfeitamente idiota falar em convocar novas eleições, seria o mesmo que dizer que os portugueses não souberam votar nestas. O prazo de 6 meses justifica-se obviamente, e até deveria ser mais dilatado... A ideia de repetir eleições até que saia o resultado que queremos, é conhecida das ditaduras.
      Em última análise, se fosse só a vontade do presidente que contava, ele poderia estar a borrifar-se para o parlamento. Porque, mesmo se um partido ganhasse com maioria absoluta, nada diz na Constituição que ele é obrigado a escolhê-lo como primeiro-ministro. E assim teoricamente, poderia manter um governo de gestão que quisesse durante o tempo do seu mandato... Por exemplo, pela mesma lógica de ideias em 2005 só deu posse a Sócrates porque quis - sendo certo que em 2009 também.

      A diferença é que se ele quiser desafiar o parlamento eleito, regressa o conflito institucional como ocorreu nos tempos do PREC.
      O governo de Passos Coelho será como o governo de Vasco Gonçalves, nomeado, mas sem apoio no parlamento. É curioso como seja agora uma certa "direita" a promover tal situação.

      Meu caro, depois da segunda censura da personagem mentecapta que o Pedro alberga, e da desconsideração dele a esse propósito, acho que não voltarei tão cedo do DdO.

      Por isso, se quiser falar aqui, pois é bem vindo. Abraço.

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