quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Nebulosidades auditivas (2)

Set the controls for the heart of the sun (Pink Floyd, 1968):

Witness the man who raves at the wall
Making the shape of his question to Heaven
Whether the sun will fall in the evening
Will he remember the lesson of giving
Set the controls for the heart of the sun
Concerto (1972) em Pompeia... onde a ira do Vesúvio fez guardar cor e arte, doutra forma perdida.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Eclipse now

Hoje, a partir das 6h30 da manhã (TMG) ocorrerá um eclipse total da Lua (o último total tinha sido observado em 2008).
  eclipse lunar de 21/12/2010 (wikipedia)
Entrada em plena Cauda do Dragão - nó descendente.

A maior curiosidade com o eclipse de hoje é a rara proximidade com o solstício de Inverno.
Ocorre no mesmo dia, pela primeira vez em 372 anos (ver notícia); ou seja desde 1638, altura em que Richelieu se aliava à Suécia e se desenhava a Europa de Vestfália (assinada 10 anos depois).

Num episódio pouco conhecido, os suecos chegaram mesmo a fundar a Nova Suécia, perto de Delaware, perdida para a Nova Holanda, em 1655, ambas estas colónias seriam rapidamente incorporadas no crescente império britânico (Tratado de Westminster, 1674).

Refere ainda esta notícia que se avizinha um 2011 como ano pródigo em eclipses...  

fotos da efeméride astronómica

sábado, 18 de dezembro de 2010

Ancoras de Wreck Beach

As imagens das ancoras de Wreck Beach, na Austrália falam por si:


Oficialmente são ancoras de dois navios naufragados: o Marie Gabrielle (1880) e o Fiji (1891).
O que fica à vista é que estas ancoras estão bem incrustadas no recife, coisa surpreendente para naufrágios ocorridos à pouco mais de 100 anos. Fica ainda à vista que os modelos destas ancoras não são muito típicos do séc. XIX, mas isto é apenas uma hipótese, já que não consegui encontrar nenhum estudo acerca da evolução das ancoras ao longo da história.
Tenho uma grande suspeita de que estas ancoras seriam muito semelhantes às dos navios dos séc. XVI, XVII, sendo que as ancoras do séc XVII, como esta de um navio sueco tinha já um traço bem mais moderno e diferente.

Por vezes em Portugal os pescadores encontram vestígios interessantes, a que cuidadosamente não se dá qualquer relevo.
Há mesmo em Tavira uma praia cheia de ancoras de navios (usados na pesca do atum...) que passa despercebida, excepto a quem visitar:
trata-se de um "cemitério de ancoras", e talvez uma adequada lápide à memória da navegação portuguesa.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Nebulosidades auditivas

 
Kate Bush - Cloudbusting

I still dream of Organon...
What it made it special, made it dangerous...

On top of the world, looking over the edge, you could see them coming,
You looked too small, to be a threat to the men in power...
I hid my yo-yo in the garden, I can't hide you from the government...

Oh God daddy, I won't forget
It´s you and me, daddy!
Every time it rains, you're here in my head,
Like the sun coming out, like your son is coming out

I just know that something good is going to happen
and I don't know when... but just saying it could even make it happen

Your son is coming out, your sun is coming out.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Brasões de Armas

"Brasões de Armas das duas gerações que há no mundo"

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Maria da Fonte - brasão da revolta popular 
Póvoa do Lanhoso, a 22 de Março de 1846

 PM NP : Provincia do Minho Nossa Polónia

domingo, 5 de dezembro de 2010

Monte Medulio - Serra de Arga

No Mapa Breve da Lusitania Antiga, o padre Francisco Silveira, começa por descrever os montes de Portugal referindo-se ao Monte Medulio, actualmente Serra de Arga, Alto do Espinheiro:
"estrada" (concerteza "romana"), na serra de Arga (Minho)

Não há outro significativo registo na história nacional, mas parece pertencer à história galega o seguinte episódio, quando em 22 a.C., perdendo uma batalha contra os romanos, os galegos e povos vizinhos cometeram suicídio, preferindo isso à escravatura. Silveira diz que na parte mais alta, freguesia de S. Lourenço da Montaria, os lavradores comentavam que no arado ainda a terra mostrava o sangue das mulheres e filhos sujeitos a esse destino de fuga ao cativeiro.

Silveira fala ainda de um "altar de Britonia", na mesma serra, perto de onde teriam morado os "antigos Britões", e teria sido aí que era relatada a fuga de um Bispo, aquando da invasão árabe.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Cabeza y cola del dragon

Segundo o Diccionario nuevo y completo de las lenguas española é inglesa... (Madrid, 1797)
Dragon's head and tail : The two nodes of the moon. Cabeza y cola del dragon, los dos nodos de la luna, ó los puntos de la interseccion de la orbita de la luna con la eclíptica. (pag. 368)


Os dois nodos correspondem à intersecção da órbita lunar com a eclíptica (o aparente percurso solar no céu, que tem 23º inclinação face ao equador celeste), e por isso são os pontos de referência para eclipses lunares. Na astronomia antiga, astrologia, de influência chinesa, persa ou indiana, a cabeça do dragão (nodo ascendente) era representada a engolir o sol (no caso de lua nova, em caso de lua cheia o eclipse será lunar e não solar). Há um período de 18.6 anos associado à repetição da posição dos nodos.
cf. circa71 - conto chinês sobre eclipse em 2316 a.C. dragão verde tenta engolir o sol. 

A referência ao nome Cola do Dragão, em mapas antigos, onde também aparecia muitas vezes a eclíptica (como é o caso da esfera armilar adoptada no final do séc. XV), onde a Cauda Draconis representava o Sul (e a Caput Draconis , o Norte), pode ainda ser uma justificação adicional para o nome visto nesse mapa antigo que o Infante D. Pedro teria oferecido ao irmão, Infante D. Henrique.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Santo Antão

 Bosch: As tentações de Santo Antão - tríptico central e painéis exteriores.

Hieronimus Bosch é um nome incontornável na pintura quinhentista, e este quadro é junto com os painéis de S. Vicente a maior preciosidade do Museu de Arte Antiga de Lisboa. É ainda interessante comparar com um estudo do painel central, que está no Museu de São Paulo:

Santo Antão ficou conhecido como eremita, mas saiu da sua reclusão para se opôr ao arianismo, doutrina de Arius de Alexandria, que foi banida no Conselho de Nicéia. A pintura sinistra de Bosch tem seguimento com Bruegel que carrega a mesma violência e  mistério simbólico, como no caso da alusão à Torre de Babel

Santo Antão ficou como nome de uma Ilha de Cabo Verde, e em Portugal continua a ter um significado dúplice... por um lado ligado ao santo cristão, mas também ligado a ritos pagãos... onde Antão se liga às Antas.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Castro da Cola

A propósito da Cauda do Dragão / Cola do Dragão é digno de nota o Castro da Cola, um sito arqueológico, meio abandonado, próximo de Ourique... de Ourique no Alentejo,

Castro/Castelo de Cola (Ourique, Alentejo)

O sito arqueológico teria sido alvo do interesse de André de Resende, no séc. XVI, e só muito posteriormente, já em meados do séc. XX houve escavações que não foram retomadas pela morte do arqueólogo Abel Viana, que ligava o local a mais uma tradição de tesouro da moura encantada, onde mais uma vez a palavra "mouro" aqui refere-se a tempos pré-romanos.

A palavra Cola surge de novo com um significado incógnito, dúbio, aqui tomado enquanto cauda, apêndice, cólon. É assim interessante associar-lhe uma Nª Srª da Cola da Vila de Ourique, com um Menino ao Colo...

Estas associações fonéticas, fortuitas, acidentais ou não, acabam por levar às coincidências... em 1992, logo após a queda do muro de Berlim, a Coca-Cola decidiu usar Dracola numa sua campanha comercial
Anúncio de 1992 da Coca-Cola (video suprimido)

É claro que 1992 é também o ano da reposição da nova versão de Dracula no cinema... e neste contexto de factos encadeados, os nexos de causalidade podem ser trocados, e serão mais naturais as denominadas "coincidências". Afinal todo o mito moderno do secretismo da fórmula da Coca-Cola serviu também para esconder o secretismo de uma outra Cola, a do Dragão que terá o seu novo ano chinês em 2012...

sábado, 20 de novembro de 2010

Simbologia perdida

Gravado numa rocha, na costa portuguesa...
... e, não longe, mais um prodígio da erosão:
Poderia ter sido no dia 4, mas certamente foi a 3 de Agosto. 
Há dias assim... dias que começam onde nascemos e crescemos, querendo ver o que nunca vimos.
Seguimos sinais e nada... esperamos sempre mais que ser cumprimentados por um bando de borboletas brancas no campo. Afinal ligámos o conta-quilómetros, e percorremos exactamente a distância escrita na rua. Subimos a colina, e é claro, nenhum gólgota, apenas vemos um belo vale cavado na direcção de nossa casa. A mesma que há mais de vinte anos teria ficado acima do mar, pois acima do dilúvio fica sempre a nossa casa... aí cumpriu-se o sonho - no dia seguinte, acima do acidente mortal, ficou a vida.
Na mesma tarde do dia 3, um bando de gaivotas decide indicar o caminho. Olhamos, vemos as rochas na praia, vemos a gravação naquela rocha singular, compreendemos quase tudo... ou nada. E quando regresso à ausência de solidão, sou presenteado pela inocência infantil... mas são apenas duas pirâmides de areia separadas por um canal, uma construção banal, própria de crianças.
O Sol está quase a pôr-se no horizonte, olhamos na direcção oposta e sabemos que estamos a ser observados... até exactamente de onde. Subimos a colina, afinal há uma estrada que sempre fizémos, e que sempre levou àquela muralha mourisca, a que nunca fomos... É claro, decido ir sózinho. Um pequeno pássaro esvoaça assim que chego... excelente, tudo normal. 
A muralha tem inscrustados símbolos que parecem de uma época medieval. Olhamos a casa ao lado, de onde nos observam, e não vemos ninguém... como é óbvio! É tempo de regressar à normalidade.
No entanto, como há dias assim, um pombo decide nesse momento pousar na muralha, no mesmo sítio de onde o outro pássaro esvoaçara. Nada de especial... é tempo de regressar, e quando saio da muralha há um indivíduo que faz jogging, só escusaria de trazer uma t-shirt do BES, pensei - já tinha bastado sinalizar as borboletas, as gaivotas e o pombo branco.
Fui então juntar-me aos demais para um café, olhando o Sol que se preparava para mergulhar no oceano... 
Seguiram-se uns dias especialmente agradáveis de praia, e a alta temperatura à noite teria levado muita gente a banhos nocturnos, noticiou-se. Nesse fim-de-semana houve festas brancas na praia, e por momentos pareceu que o mundo estava feliz, apesar dos incêndios. Estive sempre calmamente apreensivo, mas não sei se a decisão posterior mais difícil foi a de ficar a meio da escalada, ou a de apagar o cigarro na mão.
- Por que é que apagaste o cigarro na mão?... - pergunta ouvida, sim - mas que sentido faz outrém questionar um acto único e recolhido?

Houve tempos assim, há três meses...
Só muito depois, a 11 de Setembro, regressei para tirar as fotografias que aqui coloquei... porquê? 
- Porque não faço questão de lembrar, mas também não faço questão de esquecer! Bastou perceber, 25 anos depois, o que faltava perceber - Enigma será mesmo uma máquina!
- Fica ainda o outro som que inundava o Verão

The Divine Comedy: "At the Indie Disco"

sábado, 13 de novembro de 2010

Os Suevos e os arianismos

Para a confusão conveniente há dois significados para Arianismo.
Em 467 o Rei Suevo Remismundo converteu-se ao arianismo, e não falamos do que hoje em dia é associado ao arianismo nazi... conotado com racismo, falamos de uma filosofia cristã. 
No Conselho de Nicéia (325 d.C) foi definitivamente encerrada a questão da dualidade cristã sobre a duplicidade Pai e Filho, em Deus e Jesus Cristo. A doutrina "ariana" - que foi assim chamada por ser proponente Arius de Alexandria, preconizava uma diferença entre o Filho-Cristo e o Pai-Deus.

O reino Suevo foi talvez o único a adoptar essa diferença cristã, e após 469 d.C, com o seu filho, o rei Veremundo (... "mundo verdadeiro"?), os Suevos entraram no chamado Período Obscuro.  
Durante quase 100 anos não existem registos... até ao regresso do reino à filosofia cristã de Roma, com Carriarico. O último rei suevo na filosofia arianista foi Teodemundo (... "deus do mundo"?), que morreu em 550 d.C. É também nesta altura conturbada que surgem os mitos de Artur, Merlim e Lancelote, na Britânia.

Assim, é curioso o aparecimento de um arianismo suevo, que se confunde com as designações nazis da NeuSchwabenLand e de um outro arianismo racista que nos foi transmitido no séc. XX, enquanto filosofia racista. Por questões polémicas do obscurantismo actual, que induziu reacções pavlovianas sobre a discussão destes assuntos, ficarei por aqui...

O aspecto mais fascinante apresentado no recente post do blog Portugalliae, Mare Suevorum, é a particularidade dos crânios de guerreiros, com deformações que lembram as tradições Maias, ou Aztecas, e que seriam dos suevos ou dos vizinhos alanos.
..
Crânio de guerreiro suevo/alano (à esq.), crânio de elemento da alta sociedade maia (à dir.).

Esta deformação crâniana, tem ainda ponto comum anterior com as representações de Akhenaton, Nefertiti, ou os seus filhos (conforme também já salientou Maria da Fonte). Foi esta geração de faraós que procurou introduzir o culto monoteísta, e que foi rapidamente substituída na dinastia Egípcia.
Um ponto comum em 3 partes distintas e aparentemente desconexas - México, Hispânia, Egípcio... a conexão agora submersa, foi uma conexão emersa durante o tempo de navegações esquecidas.

A parte misteriosa não é apenas sueva, já que os alanos constituiram igualmente um reino independente em Portugal, sendo Alenquer uma das suas principais cidades - Alan Kher : Castelo dos Alanos.
Dir-se-ia ainda que a própria designação de Alancastro, que era usada em Portugal para designar os descendentes de Phillipa de Lancaster, teria um propósito que ia para além do trivial, talvez procurando espelhar Alan-Castro : Castelo de Alanos. Aliás Alenquer era uma das vilas das rainhas, a que Phillipa deu particular atenção.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Neu-SchwabenLand

Entre 1938 e 1939 a Alemanha nazi decide lançar-se num grande projecto científico de exploração da Antártida, no sentido de reclamar um território significativo. Chamou-lhe:
Neu-Schwabenland, ou seja "Terra Nova dos Suevos".
De entre tantos nomes, decidiram escolher uma pequena província do sul, Schwaben - Suévia, afinal ligada à origem dos suevos que se instalaram no Norte de Portugal / Galiza. À moda do norte, e se o acórdão ortográfico fosse mais longe, deveria escrever-se mesmo Suébia (mas não exageramos a ponto de relacionar com Suécia).


Para quem quiser a parte oficial da expedição, fica o link da wikipedia : New Swabia.
... para quem quiser conhecer as teorias mais conspirativas, sobre possíveis avanços da tecnologia nazi e a possível construção de Ovnis... pode seguir por aqui.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Gliese 581-g

A descoberta de um planeta Gliese 581-g, com características semelhantes à da Terra, dificilmente pode ser considerado como um sinal de grande probabilidade de vida inteligente. Digamos que já a hipótese de ter vida seria tão provável quanto a da sua existência em Vénus ou Marte... sendo que pouco se saberia acerca destes planetas que são normalmente detectados por perturbações orbitais das estrelas (neste caso da estrela Gliese_581 da constelação de Balança(Libra)), e não propriamente por observação directa...
Arte representando o sistema solar de Gliese 581 e seus planetas.

A recente notícia surpreendente é porém outra:
- R. Bhathal disse que detectou em 2008 uma emissão de luz invulgar vinda desse planeta (ver notícia aqui ou aqui), o que adensou as suspeitas de se tratar de uma emissão não natural, e a presença de uma civilização avançada.
A estrela Gliese 581 na constelação de Libra

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Gobekli Tepe

De vez em vez, as descobertas acidentais e a arqueologia desenterram problemas!
Um dos mais recentes é Gobekli Tepe... um achado recente na cadeia montanhosa de Tauro, no sudeste da Turquia, que vem sendo datado para 10 mil anos a.C. Ou seja, falamos do mais antigo complexo arqueológico, numa altura de nomadismo, onde nem sequer as mais antigas cidades conhecidas existiriam.
As estruturas em T são notáveis, com representações compreensíveis, e notáveis esculturas de animais:
 
Para além de todo o natural destaque ao complexo arqueológico é ainda notável a representação do javali (figuras em baixo), enquanto figura de culto.
 

Pela semelhança, seria tempo de rever a origem da monumental escultura, com mais de 1 metro de altura e quase 2 metros de comprimento, a denominada Porca de Murça

Seria preciso um olhar diferente, que deveria ser mais do que um ícone para marcas vinícolas... marcas essas que acabam por ser os maiores divulgadores da sua existência!

As sucessivas descobertas em Gobekli Tepe já mereceram algum interesse, ainda que tímido, dos media internacionais, conforme uma reportagens da ZDF, ou da BBC (inserida no vídeo seguinte):

"Gobekli Tepe Ancient History being Uncovered!"

É claro que estes novos factos, ainda que já conhecidos há mais de 10 anos, têm sempre um circuito difícil na divulgação do conhecimento... é difícil refazer uma história tão bem composta, com primeiras cidades em Jericó, Çatal Huyuk ou Mohenjo Daro. Especialmente porque o nível de escultura, mostra que não seria uma cidade isolada, e estaria muito longe de ser a primeira... o nível de concepção sugere a existência de cidades  menos sofisticadas, em fases anteriores.

Esta descoberta faz parecer outras descobertas, anunciadas ontem, nas montanhas do Cáucaso, no sul da Rússia:
.

como descobertas pouco significativas, ao serem datadas "apenas" 1600 anos a.C.
O mais significativo nas descobertas no Cáucaso russo, é o facto de resultarem de fotos aéreas tiradas na Rússia em 1970... tendo sido necessários uns longos 40 anos para uma confirmação in situ.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Canhão da Nazaré (2)

Já nos referimos aqui sobre o Canhão da Nazaré.
A publicação desta imagem no Portugalliae:
e a inspecção mais atenta da batimetria disponível no Google Maps, permite no entanto concluir sobre a raridade de formações como o Canhão da Nazaré (ou outras próximas da Serra da Arrábida, ou do Cabo de Sagres). Pode eventualmente encontrar-se algo semelhante em grandes rios, como o Congo, o Indu, ou o Ganges, mas em pouco mais sítios.

O mais interessante é que uma formação submarina com aquele aspecto denota uma erosão própria de um rio que corre à superfície, sendo claro que quando os rios atingem o mar, a sua corrente ao espalhar-se no leito oceânico, dilui por completo a erosão que é típica em terreno ao ar livre.
Surge assim a hipótese de tal formação ter origem num poderoso rio (agora desaparecido... o Rio Alcobaça é demasiado modesto para uma tal erosão), que outrora desgastou aquele vale, tal como o Colorado que atravessa desertos em direcção ao Golfo da Califórnia, dando origem a tal Canyon.
Conforme é dito em Portugalliae  poderá ter havido um aumento do nível do mar, muito superior ao que se supõe, devido ao degelo após a glaciação. Nesse caso, e atendendo a que o Canhão da Nazaré corta significativamente o leito submarino, até mais de 1000 metros, podemos estar a falar de tempos, em que o Mediterrâneo pouco mais fosse do que um lago.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Moedas cartaginesas

Na mesma altura em que Alexandre Magno procurava conquistar todo o mundo conhecido, parecem ter-lhe escapado a existência de civilizações a Ocidente, que não fizeram parte do seu espólio registado de conquistas.
Em particular, falamos de Roma e Cartago.
Cartago é interessante, pois há várias referências a assinaláveis viagens de Hanon, nomeadamente a circum-navegação do continente africano, não apenas de historiadores antigos (como Heródoto), mas também de Duarte Pacheco Pereira ou António Galvão, navegadores experimentados, que terão tido oportunidade de ver ainda alguns vestígios mais esclarecedores, que suportassem as suas referências.
Podemos ver a importância que os cartagineses davam às suas navegações, por exemplo através de moedas:
1/8 de Shekel, cartaginês, c.

Numa dessas moedas, corre uma teoria de estar representado um possível mapa do mundo:

Uma interpretação da parte inferior da moeda, levou Mark McMenamin a sustentar tratar-se de um mapa mundo segundo os cartagineses... conforme se pode ler aqui ou aqui. A qualidade da parte inferior da moeda (seja para que efeito for), e a associação a continentes ou mares, vale o que vale, dentro do "vale tudo", e faria parecer os mapas portugueses autênticas cartografias milimétricas do mundo...
Faz melhor serviço às navegações cartagineses, todas as restantes provas documentais, do que propriamente associações sobre formas tão vagas.

domingo, 19 de setembro de 2010

Via Láctea

Na concepção actual da Via Láctea, que é muito consistente com o registo de muitas observações, temos o seguinte modelo espiral:

O sistema solar está no braço de Orion, um braço disjunto, rodeado pelos braços de Sagitário e Perseu. É nestes três braços (juntamente com Cruz do Sul) que se encontram a maior parte das estrelas visíveis, que são também normalmente as mais próximas. Por efeito do núcleo da galáxia há uma significativa zona de sombra, onde não são visíveis quaisquer estrelas.

Das estrelas mais conhecidas da antiguidade, as que estão mais próximas são Rigil (Alfa-Centauro), Sirius (Alfa-Canis Majoris), e Procyon (Alfa-Canis Minoris), todas elas estrelas duplas, a distâncias entre 4.36, 8.58 e 11.4 anos-luz.

Outra das estrelas próximas, com especial importância, é Vega (Alfa-Lira), a 25 anos-luz... esta estrela foi o pólo norte por volta de 12 000 a.C., e o mais curioso será o termo "Navega" = "na-Vega", uma etimologia difícil de ignorar em português... já que "na Vega" seria uma expressão natural para marinheiros navegarem de acordo com uma orientação polar! 

Como diria Camões (Lusíadas, Canto X. 88)
Vê de Cassiopeia a fermosura
E do Orionte o gesto turbulento;
Olha o Cisne morrendo que suspira,
A Lebre e os Cães, a Nau e a doce Lira.
Afinal, teria sido a doce Lira essa Vega, definindo o caminho por onde a Nau navega?

sábado, 11 de setembro de 2010

Alucinações físicas

S. Hawking decidiu invadir o domínio religioso, talvez por falta de utilidade dos inúmeros disparates que sempre foi proferindo, a partir da não menos disparatada teoria do Big-Bang... Resta-lhe a utilidade de questionar a utilidade de Deus na ciência, e das Teogonias, aproveitando um mercado literário crente na fama do físico, desconhecedor ora de Física, ora de Teogonias.
Todos os liliputianos têm direito a uma cosmogonia até serem esmagados pelos pés de Gulliver. É sempre interessante quando apesar das inconsistências teóricas, a observação feita do planeta Terra (pequeno no espaço, mas provido destas iluminárias) é suficiente para explicar o Universo... e mais além, certamente!

Como qualquer simples positivista, Hawking tenta usar um ou dois martelos para pregar no deserto de ideias. A ideia da "Criação Espontânea" para o Universo, faz lembrar uma velha ideia medieval para o aparecimento de larvas. Os fundamentos são os mesmos, as ideias também - magister dixit.
Para quê estudar filosofia, se o positivismo de Hawking satisfaz os físicos?
Em termos de crendice, Hawking acaba de se igualar a qualquer religioso... com a diferença de usar equações matemáticas, que não se adaptam ao modelo que sustenta.
Hawking é ainda mais divertido, admite que Deus pode existir, mas que não é necessário para a nossa compreensão do Universo... será de perguntar "afinal, que ideia tem Hawking de Deus"? - Será a de um colega de faculdade, ou falará de Gus O'Donnell (G.O.D), o chefe do funcionalismo público britânico:
G.O.D. : Gus O'Donnell

A matéria negra, que invadiu a mente de Hawking, e que alastrou pelos físicos, está a fazer regressar a Física aos tempos da alquimia. O preocupante é que os meios são maiores, e as experiências inconscientes podem levar a ocorrências um pouco mais graves... Quando se pensa em experiências que levem a "buracos negros", percebe-se que a Física está à solta... procurando recriar competências divinas, em cérebros com competências adequadas aos mais básicos primatas.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Asteróides RX30 e RF12

Os asteróides RX30-2010 e RF12-2010 passaram ontem próximo da Terra, a uma distância inferior à da Lua. A surpresa maior talvez seja o facto de o evento ter sido simultâneo, e noticiado no próprio dia, 8 de Setembro de 2010...
Na imagem o asteróide Eros (Cintura de Asteróides)
Em 2007 foi lançada uma missão da NASA que enviou a sonda DAWN de encontro à Cintura de Asteróides, começando pelo terceiro maior asteróide - Vesta (deusa do fogo sagrado, das vestais), em 2011, e que prosseguirá até ao maior asteróide Ceres (deusa da agricultura, de onde vem a palavra cereal), que também é considerado um planeta anão.

O facto mais interessante sobre estas denominações é a antiga curiosa sequência:
- Urano, Saturno, Júpiter
relacionada com a ordem mitológica da Teogonia greco-romana.
O Úrano primordial foi destituído pelo filho,o titã Saturno/Cronos, ceifando-o da genitália que gerou Vénus/Afrodite.
(G. Vasari - mutilação de Urano por Saturno)

Por sua vez, Saturno foi destituído pelo filho Júpiter/Zeus, e a ordem planetária foi assim respeitada... de forma interessante, pois na possível sequência seguinte não aparece nenhum grande planeta - aparece sim a Cintura de Asteróides, que precede Marte. Ao invés de um corpo singular, uma multitude democrática de pequenos corpos celestiais, segue-se ao imponente e quase-estelar Júpiter. 
Apesar do domínio de Júpiter, que escapou de ser devorado pelo pai Saturno, o culto romano de Saturno é notável. Saturno é tanto de sinistro, quanto associado a um reinado numa era de ouro terrena, pré-idade-do-ferro, onde os homens eram livres, iguais, e felizes. 
As Saturnálias, festas em honra de Saturno, precederam a noção de Carnaval... ao invocar essa Idade de Ouro, verifica-se um ponto comum em diversos mitos referentes a esse Paraíso Perdido.

domingo, 25 de julho de 2010

China UFO

O evento é de 7 de Julho...
Antigamente estas notícias de visionamentos de OVNIs eram habituais, com a devida moderação, mas apareciam rapidamente. Actualmente, parece que os jornalistas (portugueses e outros) já não se importam muito com estas coisas! Mesmo assim, apareceu qualquer coisa (timidamente) na TVI-24-online e depois uma pseudo-explicação (típica: míssil) no Correio da Manhã Online.
Para todos os efeitos, como levou ao encerramento de um aeroporto na China, dificilmente se encontram casos tão flagrantes de OVNIs - ou seja, tratou-se mesmo de um Objecto Voador Não Identificado pelas autoridades chinesas, que assim tomaram as devidas precauções!
Fotografia de OVNI na China (7 de Julho de 2010) (link)
 Vídeos relacionados apresentados em TV. (ex link)

Podemos falar que só no dia 16 ou 17 de Julho, é que foi conhecido no "Ocidente" (10 dias, certamente fruto da censura chinesa... é claro!), mas ainda mais impressionante é que deverá ter havido imensas notícias importantes que impediram a habitual divulgação disto entre nós (aqui a censura chinesa deve ainda ser mais forte!).

Outras fontes sobre a mesma notícia:
Ver também:

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terça-feira, 20 de julho de 2010

Berlenga (etimologia)

Começamos não com a nossa conhecida ilha Berlenga,
mas sim com uma Berlanga em Castela.
Antiga e imponente fortaleza de Berlanga de Duero (construções sucessivas até séc. XV)

O nome Berlenga é suficientemente estranho no nosso léxico...
Após algumas tentativas de etimologia, procurando numa decomposição ber + lenga e passando por "berberes" ou associações análogas, encontramos três Berlangas em Espanha:
No entanto, há um pouco mais a acrescentar... em termos de etimologia e brasões:
Berlanga de Duero, Berlim, Berna (brasões)

Torna-se mais ou menos evidente (até pela tradição nas línguas germânicas), que BER se associa a Urso (não sendo exaustivo, há associações dissimuladas como Berwick, na Escócia).

Decompondo Ber, ficaríamos com Lenga... do qual temos apenas um registo bizarro a lenga-lenga, com etimologia declarada africana (umbundo?). Ainda em Espanha, encontramos Langa-de-Duero, e outras povoações denominadas Langa.
Mas a mais surpreendente é talvez a associação a Langa-Shetland e à provável origem do termo viking para ilha comprida. Sendo comum o nome em múltiplas ilhas escocesas denominadas Linga, devemos lembrar que em registos inglesas a nossa ilha é designada Berlinga. Esta ligação escocesa (ou viking), prolonga-se até na existência de uma ilha denominada Barra na Escócia.

Terminamos esta deambulação etimológica sobre a Berlenga, notando que Barlang é um nome húngaro para caverna/gruta, que se poderia aplicar às grutas na Berlenga.
No entanto não é conhecida nenhuma influência eslava ou húngara significativa que suporte esta derivação directa. Há uma derivação indirecta é que a relação de ursos com cavernas, o que pode estar na origem do nome húngaro (decompondo bar-lang).

Neste ponto, sem falar na designação romana da Berlenga, que era Londobris (e o que daria uma outra estória... tendo até sido relacionada a Londinium - Londres), a origem do nome Berlenga pode estar relacionada com uma primitiva denominação que ligue Ber (urso) a Linga (ilha).

De forma independente (ou não) o nome Berlingr é associado a um anão numa Saga viking Sörla þáttr o que reforça a origem viking do nome.

Por outro lado, não convirá esquecer as referências de Frei Bernardo de Brito (Livro 5, fl.24) que associa a Berlenga a uma cidade que esteve na Costa da Lusitania (cf. Pomponio Mela, livro 3, cap.2) e que se apartou da terra firme em 582 AD, e que estaria ainda associada à Eritreia.

Nota: Como facto lateral, não é de excluir a associação de Ber com alguma etimologia importante para a designação de povos bárbaros. O nome "Berber" é admitido ser um desvio de "Barbar", para povos estrangeiros/estranhos. É interessante considerar que essa designação estaria relacionada com uma nomeação de ursos (muito comuns nas partes interiores da Europa)...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Batimetria Google (California)

Conforme sugestão em comentário (José Manuel - CH), reparei que está também disponível batimetria de alta resolução no Pacífico, junto à zona da California.
(clique na imagem para aumentar) 
Há montanhas submarinas, quase horizontais, que se prolongam partindo da zona de Cape Ridge (CA), e que se notavam já na batimetria de baixa resolução disponível anteriormente. É interessante verificar que as novas imagens disponíveis com batimetria de alta resolução, não alteram significativamente esta extensão quase rectilínea que apresenta contornos pouco comuns.
(clique na imagem para aumentar)

Detalhe da zona com alta resolução, aumentando a iluminação:
Link directo para esta zona no Google Maps.

No outro lado dos USA, na zona da Carolina do Norte, encontramos Cape Hatteras/Lookout, com esta particularidade:
(img)

Junto a esta formação peculiar que define a Pamlico Sound, com enormes praias, encontramos também na batimetria de profundidade, no exterior do Cabo Lookout, formações ainda mais estranhas na sua geometria quase perfeita:
Link para zona do Cabo Lookout no Google Maps

É claro que estas imagens podem ter várias justificações, sendo a mais provável "algum erro"... mas são persistentes em várias partes do globo terrestre... e desde interpolações de dados, a efeitos sombra, ou compressões JPEG, só mesmo um erro grosseiro poderá justificar a presença de tais imagens "pouco naturais".