sábado, 11 de novembro de 2017

Conspiração das "conspirações"

Surgiu há poucos dias a cómica notícia de que a Rússia estaria por detrás da crise catalã, favorecendo notícias pró-independência, para destabilizar a Espanha e a Europa:

(The Telegraph, 9/11/2017)

Passando 100 anos sobre a revolução bolchevique, a Rússia de Putin passou agora a ser o alvo das pseudo-conspirações que os media alimentam, algumas tão rebuscadas que não tinham chegado ainda ao ponto de ser conjecturadas por nenhum mais ousado "teórico da conspiração" (... que, ao contrário dos media procuram dados mais credíveis para as suas histórias).

Esta ousada teoria, alinha com outra - de que Trump tinha sido eleito, por via de ataques cibernéticos vindos da Rússia, algo que a CIA veio a conjecturar, depois da eleição de Trump ser inevitável.

Nestes links podemos ver que as coisas não correm agora bem para o anterior establishment da CIA, e a única resposta que os media dão, claro está, é invocar a lógica de velhos westerns, com bons e maus da fita, onde os maus são "Trump e aliados", e os bons são os contrários, onde se incluem.
Os media, apesar de Trump se manter no poder há um ano, sem nenhum incidente especial, mantêm a narrativa de que Trump não deverá finalizar o mandato, divulgando quaisquer sondagens de baixa de popularidade, ilustrando ainda tudo isso com notícias mais risíveis e bacocas do que as bacoradas de Trump. Entretanto, apesar de todos os esforços, as coisas nem sempre correm mal a Trump, e a visita ao sudeste asiático tem corrido a seu favor - Trump in Asia: They love him in Vietnam.

Mais curiosa é esta persistência em procurar uma "razão comum" que englobe tudo o que corre "menos bem" à velha "nova ordem mundial", que agora tentam remeter à Rússia. Aliás, na sua luta contra as "teorias da conspiração", já tinham sistematicamente alinhado numa teoria da conspiração - classificando-a como anormalidade, deficiência, ou até fruto de agenda conjunta. Na sua paranóia de controlo, procurando uma credibilidade perdida em novas gerações, acabam por alimentar uma teoria de conspiração contra os "teóricos da conspiração", sendo claro que já alimentavam múltiplas teorias de conspiração falsas, com o intuito de descredibilizar as verdadeiras.

Voltando à Catalunha, a presidente do parlamento catalão, Carme Forcadell, tendo pago a fiança de 150 mil euros, acabou por ser libertada...
Carme Forcadell, acusada de sedição, à frente das barras da prisão.

Libertações sob fiança, que incluiram a exigência judicial de não prosseguir "actividades políticas no futuro"... um apontamento judicial, talvez para não deixar dúvidas sobre o carácter político das prisões. Espanha prescinde da separação de poderes, quando usa tribunais para prender por razões políticas. Perante a impassividade mundial, os catalães continuam condenados a respeitar todos os símbolos da unidade espanhola, ou melhor, da nova forma de "inquisição espanhola"... pois afinal, após 40 anos sem franquismo, já estariam com muitas saudades!


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